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Sinal de Alzheimer no nariz? Olfato pode indicar doença na fase inicial

Estudo identificou que, no início do Alzheimer, o cérebro começa a perder algumas conexões relacionadas ao olfato

 

Pesquisadores na Alemanha acabam de descobrir uma conexão entre o olfato e a fase inicial da doença de Alzheimer. Publicado na Nature Communications, o estudo sugere que alterações no sentido do cheiro podem servir como um sinal precoce, abrindo caminho para intervenções antes do surgimento de sintomas cognitivos clássicos, como perda de memória.

De acordo com Jochen Herms, da Universidade de Munique, o cérebro tem seu próprio sistema de defesa, formado por células chamadas microglia. Elas funcionam como “faxineiras” do cérebro, limpando células danificadas ou ameaças.

No caso do Alzheimer, essas microglia acabam atacando algumas fibras nervosas importantes que ligam a parte do cérebro responsável pelo olfato (o bulbo olfativo) a outra região que ajuda a perceber cheiros (o locus coeruleus).

O motivo é que os neurônios afetados exibem uma substância chamada fosfatidilserina na superfície, que funciona como um sinal de “coma-me” para as microglia. Ou seja, essas células de defesa confundem os neurônios saudáveis ou parcialmente danificados com algo que deve ser eliminado, iniciando assim a destruição precoce das conexões ligadas ao olfato.

Simplificando: no início do Alzheimer, o cérebro começa a perder algumas conexões relacionadas ao olfato porque suas células de defesa atacam os neurônios por engano, e isso pode ser percebido como uma diminuição da capacidade de sentir cheiros.

Evidências que conectam cheiro e Alzheimer

O estudo se baseia em três linhas de investigação:

Testes com camundongos, que revelaram perda precoce das conexões olfativas;
PET scans (exame de imagem avançado) em pacientes vivos, mostrando alterações nas regiões do cérebro relacionadas ao olfato;
Análise de tecidos cerebrais pós-morte, confirmando mudanças químicas que atraem a ação imunológica.

Esses achados reforçam evidências anteriores, como uma pesquisa nos EUA com quase 3.000 adultos entre 57 e 85 anos, que indicou que pessoas com olfato prejudicado tinham duas vezes mais risco de desenvolver demência em cinco anos.

Outro estudo de 12 anos, publicado na Springer Nature, também concluiu que déficits olfativos, isolados ou combinados com problemas cognitivos, funcionam como indicadores robustos de risco precoce.

Nossas descobertas podem abrir caminho para a identificação precoce de pacientes com risco de Alzheimer, permitindo testes abrangentes antes que os problemas cognitivos se manifestem.
Jochen Herms, pesquisador da Universidade de Munique.

Implicações para diagnóstico e tratamento

Os cientistas reconhecem que mais estudos são necessários para estabelecer essa correlação de forma robusta.

Mas o potencial de transformar o olfato em um marcador acessível de Alzheimer tem impacto direto no tratamento. Medicamentos recentes, como anticorpos contra beta-amiloide (proteína que se acumula em placas no cérebro e danifica os neurônios) funcionam melhor quando administrados nos estágios iniciais da doença. Detectar pacientes antes que os sintomas apareçam aumenta significativamente a eficácia dessas intervenções.

Mesmo com os avanços científicos, identificar a demência de forma rápida e precisa continua difícil. Milhões de indivíduos convivem com a doença, mas sua magnitude e os impactos diários raramente são percebidos. Um diagnóstico antecipado é crucial para garantir cuidados, acompanhamento e tratamentos apropriados.

Colaboração para VivaBem – uol

Imagem: Getty Images

 

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