Estudo aponta distanciamento entre a geração de riqueza pelo agronegócio e evolução estrutural
Embora produza riqueza para a economia de Mato Grosso do Sul, o setor agropecuário não tem impulsionado o desenvolvimento rural nas localidades onde atua. Os dados fazem parte do estudo “Agro & Condições de Vida” e constataram que nenhuma cidade do Estado ou do país atingiu a faixa “alta” (≥ 0,60) na categoria.
No Brasil, apenas seis municípios superaram 0,40. Entre eles está Sidrolândia, que atingiu 0,41, mas ainda bem abaixo do ideal (0,60).
Dados estaduais
Além de Sidrolândia (0,41), que apresenta a quinta melhor nota do país, Ponta Porã tem o índice de 0,40. Outros municípios que seguem são Dourados (0,33), Três Lagoas (0,32), que estão acima da média nacional.
Rio Brilhante (0,30), Maracaju (0,28) e Ribas do Rio Pardo (0,27) ficam abaixo na média geral do estudo. Já Costa Rica figura entre os municípios com menor índice de desenvolvimento rural no Brasil.
Arte: Lennon Almeida.
Disparidades
Elaborada pela Agenda Pública, esta é a primeira edição da pesquisa da pesquisa Agro & Condições de Vida. O objetivo principal da pesquisa foi analisar a relação entre a riqueza gerada pelo agronegócio e a qualidade de vida e desenvolvimento sustentável dessas localidades.
O documento demonstra que há um distanciamento entre a geração de riqueza pelo agronegócio e o desenvolvimento social e estrutural.
O indicador de Desenvolvimento Rural abrange dez dimensões, avaliando tanto a capacidade produtiva dos territórios quanto os aspectos estruturais e sociais da atividade agropecuária, como o percentual de trabalhadores rurais que recebem assistência técnica rural.
Dados Nacionais
Municípios como Sorriso (MT) e Formosa do Rio Preto (BA), que estão entre os maiores em PIB agropecuário, apresentam posições muito baixas no ranking de desenvolvimento rural.
A análise mostra lacunas importantes na promoção de bases produtivas sustentáveis, na integração da agricultura familiar e na valorização do capital humano. O baixo índice de desenvolvimento rural indica que a alta produtividade não reflete, necessariamente, em mais assistência técnica, estruturas de qualidade ou inclusão de pequenos produtores.
Recomendações e Implicações
A maioria dos 50 municípios analisados está nas regiões Centro-Oeste (31) e Nordeste (11), o que reforça o papel predominante do Centro-Oeste no agronegócio nacional.
O estudo aponta a necessidade de investir em áreas que transformem a força econômica do agro em prosperidade territorial, inclusão social e sustentabilidade. As recomendações para agentes públicos e empresas incluem:
Fortalecer a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), especialmente para a agricultura familiar.
Estimular a Sucessão Rural e a Capacitação de Jovens, com programas de formação e empreendedorismo.
Consolidar Políticas Públicas de Inclusão Produtiva, como a ampliação de programas de compras governamentais da agricultura familiar.
Fomentar Práticas Agroambientais, como sistemas agroflorestais e agricultura regenerativa.
Por Inara Silva – Campo Grande News
(Foto: Divulgação)