Mesmo com queda no total de resgates, fiscalização encontrou três vezes mais adolescentes em 2025
Em dois anos, o número de menores de idade resgatados em condições análogas à escravidão triplicou em Mato Grosso do Sul. Em contrapartida, o total de trabalhadores resgatados pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) caiu 20% em relação a 2024.
Desde o início do ano, 104 trabalhadores foram retirados de situações irregulares em 13 propriedades rurais nas cidades de Anastácio, Bonito, Caracol, Camapuã, Coxim, Corumbá, Deodápolis, Itaquiraí, Maracaju, Nova Andradina, Paraíso das Águas e Porto Murtinho.
Alojamento onde trabalhadores resgatados viviam (Foto: Divulgação)
Entre os resgatados, 15 eram menores de 18 anos, número três vezes maior que o contabilizado em 2023, quando apenas cinco adolescentes foram encontrados. Eles atuavam em atividades como pecuária, limpeza de pastagens, construção de cercas, manejo de rebanho, colheita de mandioca e produção de carvão vegetal.
Os dados dos últimos três anos mostram oscilações no total de resgatados em propriedades rurais do Estado. Em 2023 foram 92 trabalhadores, subindo para 130 em 2024 e caindo para 104 entre janeiro e outubro de 2025. Apesar da redução em relação ao ano passado, o número de 2025 ainda é 13% maior que o de 2023.

Cinco tábuas e um balde servia de banheiro para trabalhadores resgatados (Foto: Divulgação)
“A diminuição nos números não deve ser vista como motivo de comemoração, uma vez que o ano ainda não terminou e as fiscalizações continuam”, declarou o superintendente regional do Trabalho, Dr. Alexandre Cantero.
Segundo o MTE, em vários resgates, as equipes encontraram trabalhadores vivendo em alojamentos precários, dormindo no chão, sem água potável e utilizando banheiros improvisados em condições insalubres.
Outro dado revelado pela fiscalização é o aumento de estrangeiros nesta situação: 71 dos resgatados em 2025 eram paraguaios, contra 69 no ano anterior. Nesta etapa da operação, o Ministério utilizou três drones para localizar alojamentos em áreas de difícil acesso.

Trabalhadores tinham a disposição água turva para consumirem (Foto: Divulgação)
Por Geniffer Valeriano – campograndenews