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Crianças mortas por escorpião “receberam tratamento adequado”, afirma Secretaria

As duas crianças vítimas de picadas de escorpião que morreram no início deste mês no Estado receberam o tratamento necessário dentro do tempo recomendado, segundo informou o coordenador da Vigilância em Saúde Ambiental da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Karyston Adriel Machado da Costa.

Valentina, de 8 anos, faleceu no domingo (dia 3) no Hospital Regional Rosa Pedrossian, em Campo Grande, após ser picada enquanto brincava com a irmã no quintal de casa, em Chapadão do Sul. A menina estava internada em estado grave desde 29 de julho e foi transferida com urgência para a Capital, mas não resistiu.

De Itaquiraí, Adryan Souza Martins, de 5 anos, morreu na quarta-feira (dia 6) após ser picado pelo animal escondido dentro do tênis durante festa de casamento em Naviraí. O garoto foi inicialmente atendido no hospital da cidade e depois transferido para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário de Dourados, onde permaneceu em estado grave até o falecimento.

Conforme Karyston, os protocolos médicos foram seguidos rigorosamente em ambos os casos. “As crianças receberam soroterapia dentro do tempo adequado, e os responsáveis agiram corretamente ao buscar atendimento imediato”, afirmou o coordenador. Ele ressaltou que o principal fator para um bom prognóstico é a rapidez no atendimento após a picada.

O coordenador explicou que o sistema de saúde do Estado é regionalizado e preparado para atender desde os casos leves até os mais graves, com suporte para transferência e tratamento em unidades de terapia intensiva quando necessário. O soro antiescorpiônico está disponível em 67 municípios.

Segundo dados da SES, até julho deste ano, foram notificados 3.436 casos de acidentes com escorpiões no Estado, com tendência de aumento nas próximas semanas. Embora a maioria dos acidentes seja leve, cerca de 60% dos casos graves envolvem crianças menores de 10 anos, grupo mais vulnerável ao veneno.

De acordo com Karyston, menos de 3% dos acidentes evoluem para casos graves. Mesmo com atendimento adequado, pode haver complicações fatais devido à ação do veneno, que, em casos mais severos, pode afetar órgãos vitais, principalmente o coração.

O coordenador reforça as recomendações para prevenção dos acidentes, como verificar sapatos e roupas antes de vestir, bater cobertas e lençóis antes de usar a cama, manter a casa limpa, tampar ralos e evitar a presença de baratas, que são alimento dos escorpiões. Em caso de picada, é fundamental procurar atendimento médico imediato.

Atendimento – Karyston explicou que, independentemente da localização, o processo de atendimento é o mesmo. “O mais importante é o tempo entre a picada e o atendimento. Quanto mais rápido, melhor o prognóstico, especialmente para crianças e idosos, que são grupos mais vulneráveis”, destacou.

Ele detalhou que, ao procurar atendimento, o paciente passa por triagem numa unidade de saúde, seja UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na Capital ou posto de saúde mais próximo no interior. A equipe classifica o acidente como leve, moderado ou grave e, em seguida, entra em contato com o Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica), serviço disponível 24 horas, que orienta sobre o tratamento adequado.

Em casos graves que exigem UTI (Unidade de Terapia Intensiva), se o município não dispuser dessa estrutura, há um sistema regionalizado que permite a transferência para hospitais de referência, garantindo suporte especializado.

O coordenador também destacou que o tipo de escorpião pode influenciar a gravidade do acidente, citando o escorpião amarelo (Tityus serrulatus) como espécie cujo veneno pode levar a situações graves. Ele enfatizou que o soro é fundamental para controlar os sintomas e reduzir o risco de óbito, mas alertou que nem sempre ele garante a sobrevivência, principalmente em casos muito graves. “Nesses casos, o tratamento intensivo é essencial”.

O profissional reforçou que a maior parte dos acidentes com escorpiões ocorre dentro de casa, onde os animais buscam abrigo. Por isso, orienta que, ao menor sinal de picada, a vítima deve ser levada imediatamente para a unidade de saúde. “Se possível, com segurança, depois do animal morto, capture o escorpião para identificação, isso ajuda a definir o tratamento correto”.

Sobre os sintomas, Karyston explicou que os casos leves causam dor local e podem ser tratados com analgésicos e observação por algumas horas. “Quando a dor se espalha para outras partes do corpo ou há sinais de comprometimento de órgãos, estamos diante de acidente grave, que exige tratamento em UTI”.

Aumento – O Estado registra um aumento nos acidentes com escorpiões a partir do fim do inverno, com a chegada das temperaturas mais altas. Os meses de agosto a novembro costumam concentrar o maior número de acidentes registrados anualmente. Segundo o biólogo Isaías Pinheiro, esse crescimento está ligado à sazonalidade dos animais, que se tornam mais ativos com o calor e a umidade, além de estarem no período reprodutivo. “Durante os meses frios, os casos costumam diminuir. Mas, com o fim do inverno e o início do calor, começamos a observar um aumento nos registros, por conta de fatores ambientais que favorecem a atividade dos escorpiões”, explicou Isaías.

Os números confirmam essa tendência: nos últimos cinco anos, as notificações no Estado cresceram de forma contínua. Em 2020, foram registrados 2.952 acidentes, enquanto em 2023 o total chegou a 5.303 casos. Campo Grande lidera o ranking de ocorrências, seguida pelas cidades de Três Lagoas e Dourados.

Por Viviane Oliveira – Campo Grande News

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